quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Literatura de Cordel: paixão à segunda vista.

Foi escutando os causos do professor Telito Rodrigues e seu fascínio para com a música e a literatura populares que o meu olhar sobre o Cordel ganhou outra cor, outra forma, outro sentimento. Juntos, eu e Telito, estudamos o gênero. A seguir, um punhado do nosso trabalho e alguns links dignos de visitação.


A literatura de cordel consite em "histórias em verso, toscamente impressas, vendidas nas feiras livres e mercados populares do nordeste e de outros estados onde há aglomerações de migrantes nordestinos. O público não lhe dá esse nome, mas o chama de “folheto”, “foiêto” ou “verso de feira” (TAVARES, 2006, p.176)


Cordelista Jurivaldo fala da importância de seu trabalho


            Costa (1998), estudioso e admirador da Literatura de Cordel, deixou claro esta associação estreita entre temática e vida dos poetas “fazedores” de cordel. O autor destaca a convivência, lado a lado, desses artistas com o mundo da fome, da seca, da corrupção política e da religiosidade, comungando com o que fora enfatizado por Tavares (2006). Para e sobre esse público, é que esses poetas publicam seus folhetos, geralmente compostos de 8, 12 e 16 páginas, a fim de agradecer pelos ““milagres” recebidos” ou por “algo extraordinário que os rodeia, sem pensar muitas vezes no fácil lucro da vendagem” (COSTA, 1998, p. 17).

Cordelista Franklin Maxado. 
Figura que não pode ficar de fora quando o assunto é cultura popular.


            Os folhetos com essa quantidade de páginas descrita por Costa (1998), conforme explicação de Tavares, são os mais curtos e geralmente contam sobre algum fato restrito a uma região. São os chamados folhetos noticiosos. Mas, conforme a mesma autora, os folhetos podem chegar a 32 ou a 48 páginas. Grillo (2003), em A Literatura de Cordel na Sala de Aula, faz uma minuciosa descrição desses folhetos e seus conteúdos, salientando tratar-se de material impresso em papel pardo e medindo cerca de 12 x 18 cm. O conteúdo do cordel sempre é ilustrado com xilogravuras.


Como são feitas as xilogravuras:
desenhos que enfeitam os folhetos de cordel

            O cordel está associada à memória ou ao registro da história de um povo, de um lugar, de uma cultura. Em seus versos, o poeta cordelista deixa desfilar em suas histórias uma grande quantidade de personagens “estradeiros, astutos, trapaceiros, anti-heróis que sobrevivem por expedientes e artimanhas que lhes valem como alternativa para escapar do sistema opressor” (GRILLO, 2003, p. 117), bem como personagens que são típicos do universo sertanejo, os quais têm como característica central a capacidade de revirar o mundo com humor, traduzindo o retrato das ocasiões históricas difíceis de uma dada região e/ou período.

Homenagens a Gonzagão, Bule Bule e Gereba

Bule Bule

Referências:

  1. COSTA, Gutenberg. A presença de Frei Damião na Literatura de Cordel – Antologia. Brasília: Thesaurus, 1998. Disponível em http://books.google.com.br/books?id=Y_CDw74dUi8C&pg=PA26&dq=o+que+%C3%A9+literatura+de+cordel?&hl=pt-BR&ei.  Acesso: 14 de março de 2012.
  2. GRILLO, Maria Ângela de Faria. A literatura de Cordel na sala de aula. In: ABREU, Martha; SOIHET, Raquel [orgs]. Ensino de História: conceitos, temáticas e metodologia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003, pp. 116-126
  3. TAVARES, Clotilde. A botija. [xilogravuras de Fabrício Lopez e Flávio Castellan]. São Paulo: Editora 34, 2006. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=fqFNpAtEDYoC&pg=PA176&dq=caracter%C3%ADsticas+da+literatura+de+cordel&hl.  Acesso: 14 de março de 2012.


           

2 comentários:

  1. Parabéns pelo trabalho Drica, está muito bom. O ator Arailton Púbio tem uma dissertação de mestrado sobre o tema também muito boa. É isso aí vamos divulgar esse meio de comunicação que tomou o nordeste brasileiro como pátria, não nasceu aqui mas tem a nossa cara, o nosso jeito, por isso porque não dizer que é nordestino como nós!!!Viva essa cultura maravilhosa!Vica o Cordel e Viva o NORDESTE do Brasil, sempre!!!!!!!!!!!!!!!!

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    1. Nivaldo Cruz, o trabalho que fizemos foi baseado na obra do Bule Bule. Ficou lindo...manda pra mim textos teus que divulgo com prazer.....
      abraço grande!

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