Sempre acreditei no poder mágico que a leitura exerce sobre
nossas vidas, sobre nosso imaginário, enfim, o quão ela fascina e é capaz de
abrir nossos olhos para direções desconhecidas ou já naturalizadas demais para
percebermos sua presença. A leitura faz parte da minha vida desde criança.
Lembro-me de livros coloridos de princesas, florestas e bruxas. Livros que não
foram comprados por meus pais. Livros com os quais sempre me encontrava nas
férias de fim de ano na Lagoa do Badico, onde nasci, quando passava semanas na
casa de Mãe Lourdes, minha avó. Os livros lá estavam. Não me lembro de quem
eram. Mas meu encontro com eles se dava lá.
Não cresci em um lar de leitores. Meu pai não chegou a
concluir o Ensino Fundamental I e a minha mãe não iniciou o Ensino Médio. Mas
cresci entre histórias e canções cantaroladas por mainha. Ler era, para mim, uma atividade deliciosa.
Lembro-me dos livros de alfabetização com os quais brincava de escola na casa
de “Madinha” Alice. Tia Naucilene, hoje pedagoga, educadora de mão cheia, na
época, fazia o papel da pró. As pequenas histórias não perdiam o encanto mesmo
com o pouco colorido daquelas cartilhas. Minha prima Jissônia, lembro muito bem, também
teve uma parcela de responsabilidade nesse meu despertar para as letras.
Lembro-me de um livrinho que tinha mais letras do que imagens. As ilustrações
não eram coloridas, mas eu conseguia enxergar todas aquelas cenas com os olhos
da minha imaginação. Adorava ouvi-la contando aquelas histórias.
Na verdade, a literatura exerce mesmo um poder incrível sobre
minha pessoa. E eu adoro isso. Amo brincar com as palavras. Jogar com os sons,
suas combinações. Infelizmente, em sala de aula, não percebo essa atração pelos
livros, por parte da maioria de meus alunos. Sei que não é culpa deles, afinal,
vivem numa realidade onde livro é coisa rara e, por eles, considerada chata.
Com o objetivo de tentar transformar essa visão acerca das histórias escritas é
que, desde 2011, venho trabalhando o
Projeto Contação de Histórias junto às crianças da Educação Infantil que
estudam na Escola Municipal Rural da Sede, em Antonio Cardoso, Bahia, onde sou
professora da rede estadual. Com este projeto, trabalho três públicos e seus
respectivos objetivos. São eles:
1.
Os
meus alunos do
nono ano do Ensino Fundamental, série escolhida por mim para dar
vida ao projeto.
Objetivos específicos:
·
Despertar
o interesse pela leitura;
·
Trabalhar
a entonação, pontuação e interpretação a partir das histórias lidas;
Os alunos leem durante a encenação, o que exige deles leituras prévias, treino, boa entonação, pontuação e interpretação. Esse aí é o Adriano Soares. Durante a contação, interrompia sua leitura, instigava as crianças com perguntas sobre os personagens e próximas cenas. Narrou Chapeuzinho Vermelho.
· Desenvolver e/ou potencializar habilidades como criatividade, liderança, autonomia, capacidade de lidar com crises e argumentar (as histórias, vale salientar, são sugeridas, mas as equipes é que as escolhem e elaboram todo o produto final, ou seja, como será contada em sala de aula).
As
crianças da
Educação Infantil da Escola Rural da Sede, outro público:
Eles simplesmente adoram esse momento...
A escolha por esta escola passa pela própria comodidade, uma vez que fica localizada ao lado do Colégio ACM, onde leciono. Sonhamos em levar nosso projeto a escolas de Santo Estevão Velho, Poço, Tocos e outras localidades. Faltam recursos, ainda.
Objetivos específicos:
· Despertar o interesse pela literatura;
Esse sorriso não tem preço, gente!
Alguns são bastante tímidos e resistem....por enquanto.
A interação também se faz presente.
· Trabalhar valores. Apesar de acreditar que a Literatura
Infantil não pode ser trabalhada com a finalidade de ensinar algo específico, uma vez
que, por si só, já é uma aula de desenvolvimento intelectual, cognitivo,
afetivo e social, ao término de cada Contação, sempre fica algum ensinamento. É
a Chapeuzinho Vermelho que desobedeceu a mãe e quase se deu mal; ou que ouviu
conselhos de estranho; é a Chapeuzinho Amarelo que aprendeu a viver, deixando
seus medos de lado; ou mesmo a Rita Esquisita, a aranha que nos ensina a
vivermos do nosso modo, com nossas diferenças e esquisitices. Afinal, o que vale mesmo é ser feliz. Enfim, as contações sempre divertem e
ensinam. Não tem jeito!
3. Por fim, outro alvo importante: As professoras da Educação Infantil.
Obrigada, garotas, por abrirem a porta das salas de vocês para o nosso projeto!
Com o projeto,
espero levar às suas aulas a alegria que toda sala de aula merece ter. O
colorido dos personagens. O doce dos pirulitos. As idéias. Enfim, espero mesmo
que as professores que nos recebem com tanto carinho e satisfação, a quem
agradecemos de coração pela receptividade, extraiam desse projeto o máximo
proveito. Breve, pretendo aplicar um questionário ou mesmo trabalhar com
entrevistas (estou gestando a idéia) a fim de conhecer o impacto do projeto no
dia a dia de sua prática em sala.
Espero que tenham gostado desse post, o qual, sinceramente, adorei elaborar. Atenção, as palavras azuladas, ao serem clicadas, levam vocês a outros endereços: livros de histórias ou coisas parecidas... Outra coisa, a quantidade razoável de fotos justifica-se pelo fato de eu considerar esse blog também uma espécie de portfólio virtual dos meus trabalhos. Beijo grande e até a próxima aventura!