domingo, 16 de setembro de 2012

Contação de Histórias: a leitura na minha vida


Sempre acreditei no poder mágico que a leitura exerce sobre nossas vidas, sobre nosso imaginário, enfim, o quão ela fascina e é capaz de abrir nossos olhos para direções desconhecidas ou já naturalizadas demais para percebermos sua presença. A leitura faz parte da minha vida desde criança. Lembro-me de livros coloridos de princesas, florestas e bruxas. Livros que não foram comprados por meus pais. Livros com os quais sempre me encontrava nas férias de fim de ano na Lagoa do Badico, onde nasci, quando passava semanas na casa de Mãe Lourdes, minha avó. Os livros lá estavam. Não me lembro de quem eram. Mas meu encontro com eles se dava lá.

Não cresci em um lar de leitores. Meu pai não chegou a concluir o Ensino Fundamental I e a minha mãe não iniciou o Ensino Médio. Mas cresci entre histórias e canções cantaroladas por mainha.  Ler era, para mim, uma atividade deliciosa. Lembro-me dos livros de alfabetização com os quais brincava de escola na casa de “Madinha” Alice. Tia Naucilene, hoje pedagoga, educadora de mão cheia, na época, fazia o papel da pró. As pequenas histórias não perdiam o encanto mesmo com o pouco colorido daquelas cartilhas.  Minha prima Jissônia, lembro muito bem, também teve uma parcela de responsabilidade nesse meu despertar para as letras. Lembro-me de um livrinho que tinha mais letras do que imagens. As ilustrações não eram coloridas, mas eu conseguia enxergar todas aquelas cenas com os olhos da minha imaginação. Adorava ouvi-la contando aquelas histórias. 

Na verdade, a literatura exerce mesmo um poder incrível sobre minha pessoa. E eu adoro isso. Amo brincar com as palavras. Jogar com os sons, suas combinações. Infelizmente, em sala de aula, não percebo essa atração pelos livros, por parte da maioria de meus alunos. Sei que não é culpa deles, afinal, vivem numa realidade onde livro é coisa rara e, por eles, considerada chata. Com o objetivo de tentar transformar essa visão acerca das histórias escritas é que, desde 2011, venho trabalhando o Projeto Contação de Histórias junto às crianças da Educação Infantil que estudam na Escola Municipal Rural da Sede, em Antonio Cardoso, Bahia, onde sou professora da rede estadual. Com este projeto, trabalho três públicos e seus respectivos objetivos. São eles:
1.      Os meus alunos do nono ano do Ensino Fundamental, série escolhida por mim para dar vida ao projeto.
Objetivos específicos:
·        Despertar o interesse pela leitura;
·        Trabalhar a entonação, pontuação e interpretação a partir das histórias lidas;

Os alunos leem durante a encenação, o que exige deles leituras prévias, treino, boa entonação, pontuação e interpretação. Esse aí é o Adriano Soares. Durante a contação, interrompia sua leitura, instigava as crianças com perguntas sobre os personagens e próximas cenas. Narrou Chapeuzinho Vermelho.

·        Desenvolver e/ou potencializar habilidades como criatividade, liderança, autonomia, capacidade de lidar com crises e argumentar (as histórias, vale salientar, são sugeridas, mas as equipes é que as escolhem e elaboram todo o produto final, ou seja, como será contada em sala de aula).









As crianças da Educação Infantil da Escola Rural da Sede, outro público:



Eles simplesmente adoram esse momento...


     A escolha por esta escola passa pela própria comodidade, uma vez que fica localizada ao lado do Colégio ACM, onde leciono. Sonhamos em levar nosso projeto a escolas de Santo Estevão Velho, Poço, Tocos e outras localidades. Faltam recursos, ainda.
Objetivos específicos:
·        Despertar o interesse pela literatura;


 Esse sorriso não tem preço, gente!



Alguns são bastante tímidos e resistem....por enquanto.






·        Proporcionar momentos em que a leitura perpassa pela ludicidade;




A interação também se faz presente.






·        Trabalhar valores. Apesar de acreditar que a Literatura Infantil não pode ser trabalhada com a finalidade de ensinar algo específico, uma vez que, por si só, já é uma aula de desenvolvimento intelectual, cognitivo, afetivo e social, ao término de cada Contação, sempre fica algum ensinamento. É a Chapeuzinho Vermelho que desobedeceu a mãe e quase se deu mal; ou que ouviu conselhos de estranho; é a Chapeuzinho Amarelo que aprendeu a viver, deixando seus medos de lado; ou mesmo a Rita Esquisita, a aranha que nos ensina a vivermos do nosso modo, com nossas diferenças e esquisitices. Afinal, o que vale mesmo é ser feliz. Enfim, as contações sempre divertem e ensinam. Não tem jeito!












    

3.    Por fim, outro alvo importante:   As professoras da Educação Infantil


Obrigada, garotas, por abrirem a porta das salas de vocês para o nosso projeto!





      Com o projeto, espero levar às suas aulas a alegria que toda sala de aula merece ter. O colorido dos personagens. O doce dos pirulitos. As idéias. Enfim, espero mesmo que as professores que nos recebem com tanto carinho e satisfação, a quem agradecemos de coração pela receptividade, extraiam desse projeto o máximo proveito. Breve, pretendo aplicar um questionário ou mesmo trabalhar com entrevistas (estou gestando a idéia) a fim de conhecer o impacto do projeto no dia a dia de sua prática em sala.

Espero que tenham gostado desse post, o qual, sinceramente, adorei elaborar. Atenção, as palavras azuladas, ao serem clicadas, levam vocês a outros endereços: livros de histórias ou coisas parecidas... Outra coisa, a quantidade razoável de fotos justifica-se pelo fato de eu considerar esse blog também uma espécie de portfólio virtual dos meus trabalhos.  Beijo grande e até a próxima aventura!


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